10/30/2007

Sozinha em Habana

ATENÇÃO! Este blog não será mais atualizado. Este texto foi editado, revisado e postado emhttp://www.territorios.com.br/index.asp?cod_post=303






Foram quase 24 horas viajando e esperando. O fusos horários do Brasil, Panamá e Cuba são diferentes, em cada lugar eu t
inha que arrumar o relógio. Dentro do avião, já sobrevoando o Caribe, fiquei admirando o céu e parecia que eu estava de cabeça para baixo, o avião voava em cima das nuvens e a cor do céu e do mar era igual o que diferenciava eram as nuvens no horizonte. O Panamá é o Paraguai do Caribe, tinham muitas lojas e muita coisa barata no aeroporto. O país esta crescendo em ritmo acelerado, o mercado imobiliário esta uma loucura, vi muitas propagandas de empreendimentos luxuosos e grandiosos.
Não tinha os telefones de Osmany, apenas enviei e-mail avisando onde eu estaria, já se passaram 2 dias e ninguém me procurou, estou sozinha em Habana. Mas isso não é problema já fiz amizades com rapazes espanhóis que estão no hotel e caminhei muito por Habana Vieja e Vedado. Apesar das pessoas no hotel e das agências de turismo me assustarem dizendo que é muito perigo andar por aí, não quis pegar um táxi, uma cidade se conhece a pé e não de carro e não deve ser mais perigoso que o Brasil. Depois entendi que na verdade querem que tu gastes dinheiro com táxi e não conheça a realidade cubana, apenas as partes turísticas.
É bem diferente de outros lugares que já conheci. Muita gente na rua, poucas grades, portas e janelas abertas mostrando os lares cubanos, música por todos os lados, ritmos diferentes e muito altos, o som vinha de dentro das casas ou de pessoas com instrumentos na rua. Têm casas lindas, mas caindo aos pedaços, se fossem reformadas ficaria tipo o Pelourinho em proporções bem maiores. Olhar para a frente e para cima é bonito, mas olhar para o chão ou para dentro das casas é feio. Existe muita umidade e esgoto a céu aberto, isso em Habana Vieja, onde a maioria das pessoas mora amontada nas casas velhas. Já no Vedado esta melhor, mais limpo e mais “moderno”. É estranho porque parece uma cidade do interior parada no tempo, mas é a capital de um país, tem avenidas largas e movimentadas com muita gente circulando. O comércio (para cubanos) lembra aqueles mercados do início do século passado, prateleiras vazias, pouca variedade, aspecto sujo e velho. Eu estava com fome e não tive coragem de comer pelos lugares que passei. Não vejo a hora de encontrar Osmany e Ana, não tenho certeza do que posso ou não fazer aqui. As pessoas não me inspiram confiança, parecem que sempre querem tirar proveito de ti (dá pra entender pela situção em que vivem), me passam informações erradas e não sei se sigo as do hotel ou se confio nas pessoas das ruas.
Vi muitas crianças felizes brincando nas ruas, interagindo, como elas não têm acesso à tecnologia e não tem medo da violência, podem aproveitar a infância como a gente aproveitava antigamente. Haviam grupos de cubanos sentados em frente as suas casas conversando e ouvindo música, muitos bares cheios de cubanos e nenhum turista. O povo é muito aberto, eu caminhava na rua e muitos me paravam, queriam conversar, ou me mandavam beijos e ficavam me chamando como se chamam gatos, até um policial fez isso comigo. Não entendo como percebem que sou estrangeira, deveriam perceber só quando eu falo, afinal 45% da população é branca e são muito parecidos com os brasileiros, tipo físico, jeito de vestir e de ser. Infelizmente tive que ignorar todas essas pessoas que vinham falar comigo, não sei se é verdade, mas dizem que são jineteiros e querem te roubar ou tirar algum proveito. Me disseram para ter cuidado maior com o negros mais negros, achei esse comentário tão racista. Depois te tanto me assustarem achei melhor esperar o encontro com Osmany antes de dar conversa para as pessoas da rua.
Buscando Internet entrei nos melhores hotéis da cidade e para a minha surpresa são muito luxuosos e imponentes, outro mundo, onde cubano só entra se for funcionário. Em nenhum desses hotéis consegui Internet, uns porque era domingo e outros porque o cartão de acesso estava em falta.
Por toda a cidade estão espalhados cartazes e outdoors homenageando revolucionários como Camilo, Fidel, Che e até Hugo Chavez. As imagens deles estão por toda a parte, Chavez parece ser muito bem vindo aqui, como irmão. A publicidade é proibida. Nas ruas só se vê fachadas e outdoors do governo.
Os carros. Pensei que só encontraria carros dos anos 50 ou Lada, a coisa é bem diferente. Têm muitos carros modernos americanos circulando por aqui. Têm lojas da Fiat, Renault e Mercedes, quem tem dinheiro pode comprar. Todos os ônibus para turistas também são modernos como em qualquer cidade turística. O maior charme são os antigos, têm carros lindos e conservados e outros tão velhos que não é possível entender como ainda funcionam. É comum ver carros estragados, pessoas empurrando ou consertando. OLhem a foto em que apareço com um Jaguar, o carro é de um novo amigo, é lindo por dentro, com detalhes em madeira de verdade, uma bússola no retrovisor e um aparelho de mp3.
Essa foi a minha primeira impressão sozinha em Cuba, depois que encontrei meus amigos muita coisa mudou, algumas coisas pude entender outras seguem não fazendo sentido e como dizem alguns amigos de lá: “É complicado! Não vou te explicar porque não vais entender!” Em respeito a algumas pessoas e para não correr o risco de repassar informação errada, não seguirei o que diz o cabeçalho deste blog, vou omitir algumas coisas. Limitarei-me as informações turísticas, se alguém tiver interesse em saber mais, pode entrar em contato.

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10/29/2007

Turismo em Habana





É muito agradável caminhar à beira mar, fui do início do Vedado até Habana Vieja pelo Malecón, que é patrimônio histórico da humanidade, neste local, cubanos e turistas se misturam gente de todas as partes do mundo. Pessoas pescam, pedalam, caminham, andam de roller, cantam ou ficam sentandas apreciando o mar e as pessoas. O pôr do sol é bem bonito. Não importa se é dia ou noite, está sempre cheio de gente. É seguro, bem policiado como em todo bairro Vedado.
Acredito que o melhor lugar para se hospedar em Habana é no Vedado, tem tudo e ainda fica perto do centro histórico. Fiquei no Hotel Vedado, estava bem, mas muito caro pelo serviço que ofereciam. É bom levar adaptador de tomadas que são diferentes das nossas. Andei a pé por todos os lados. Conheci a sorveteria Copélia, onde foi filmado Morango e Chocolate, este lugar é uma viagem, tem a parte para turistas (um quiosque) e a parte para cubanos, numa se paga em moeda nacional e na outra em CUC, sendo que o sorvete pago em CUC é melhor e têm mais variedade. Mas o prédio para cubanos é muito mais bonito, tem um segurança na porta que só deixa entrar se mostras que tens a moeda nacional. Aproveitei que estava com Ana e fui para o lado dos locais. Como turista, não tive acesso à moeda nacional. Para sentar na mesa e tomar um sorvete tem que fazer uma fila, que pode ser bem longa e demorada, só deixam entrar na sala onde estão as mesas, quando todas as pessoas que estavam ali já saíram, daí as pessoas entram até que as mesas lotem, se não são 4, outros vão dividir a mesa contigo. Não faz sentido porque eram várias salas com mesas, mas só 1 estava sendo usada, e era não era permitido sentar nas outras salas. A garçonete perguntou o que eu queria, mas acabou trazendo tudo igual para todos os que estavam ali pois era só o que tinha. Apenas bolas de chocolate, não achei tão bom. Fiquei reparando nas outras mesas e vi um cara sozinho pedindo muitas bolas, haviam uns 8 pratos com 5 bolas cada um, ele tinha um pote e colocou todas ali e foi embora.
Habana Vieja tem uma parte feita para turistas, a maioria dos prédios foi reformado e esta cheio de lojas, bares e restaurantes bonitos. Dizem que é perigoso caminhar à noite, não quis arriscar. Não senti medo da violência, as pessoas me assustaram demais. Ninguém anda armado e o que pode acontecer é o turista estar distraído e um ladrão passar correndo e levar uma bolsa, um câmera, etc... Eu caminhava com a mochila pra frente e com a câmera amarrada ao braço, nada aconteceu comigo e também não vi nenhum roubo. Quer dizer, os cubanos tentam te enrolar o tempo todo, te dão troco errado (atenção para não receber moeda nacional no lugar de CUC) ou cobram a mais pra ver se cola. É preciso estar atento. Para comprar presentes e lembranças a melhor opção é a feira. Só tem artesanato e pinturas. Nos outros lugares é muito caro. Na feira vale pechinchar.
Faz frio no Caribe, o inverno esta começando e nos dias de chuva calça e casaco são necessários, já quando tem sol é muito quente por causa da umidade. Ainda bem que trouxe roupas pensando no ar condicionado. E falando nisso, coisa que não faz sentido em Cuba, eles não sabem usar o ar condicionado, todos os lugares turísticos são extremamente gelados, consumindo muito energia e o governo faz campanha para economizar, como não têm êxito, os apagões são freqüentes.
Táxi – é o melhor meio de transporte, mas nunca pegue os táxis lada azul e amarelo, segundo os próprios cubanos, são ladrões. Melhor e mais econômico são os lada branco, o preço é “justo” e é bom perguntar quanto vai custar antes. Tem os táxis com carros americanos novos, esses são seguros, mas são 3 vezes mais caros. Agências e hotéis vão te dizer que só este é seguro, eles têm um acordo com esses táxis. As pessoas locais pedem muita carona e achei estranho o que aconteceu comigo. Estava num táxi lada indo para o Palácio de Convenciones quando uma cubana pediu carona para o motorista, que não me perguntou nada e deixou ela entrar no carro, ela me deu bom dia e permaneceu calada. Um tempo depois pediu para sair e entregou uma nota de 10 pesos locais e saiu. Não me importei, mas acho que o motorista deveria ter me perguntado antes, afinal eu paguei em CUC que vale 24 vezes mais.
Noite – ao contrário do que eu imaginava começa cedo e termina cedo, mas tem festa todos os dias. Não quis pagar para ir nestes shows feitos para turista e meus amigos cubanos não quiserem me levar nos bares locais de salsa, disseram que é barra pesadíssima. Aproveitei as festas do congresso, fui num bar bem legal para turistas se chama Jazz café (na frente do hotel Meliá), música ao-vivo e preços razoáveis, a música é um mistura de salsa com jazz. Ana me levou num bar local e adorei, era um local cult onde tocava música popular cubana, tipo mpb em ritmo cubano, não tinha turistas e se chamava Fresa Y Chocolate, como o filme, o bar é temático. Fica na rua 23 perto dos cinemas. Também fui no Morro, bar dentro da construção que fica ao lado do farol. Ali onde foi filmado cenas de 007. Para chegar do outro lado da baía tem que passar por um túnel embaixo d’água que foi construído nos anos 50 e ainda esta em bom estado Não deixe de provar Mojitos e a cerveja Bucanero Fuerte. Eles chamam essa de cerveja escura, mas não existe cerveja preta. Escura em Cuba quer dizer que não é cristal e é mais forte que a suave.
Visto - tem que mostrar o passaporte quando se entra no pais, mas ele não é carimbado, ninguém terá problemas em viajar para outros países depois, eles carimbam o visto e tem que entregar esse papel quando se vai embora. Se quiserem o carimbo de Cuba, vão ter que tirar uma foto como eu fiz.
Dinheiro – tudo é caro, preço de Europa, 1 euro vale 1,25 CUC, e uma refeição custa em torno de 12 CUC. O melhor é levar euro, o câmbio em dólar tem corretagem de 20%. Com hospedagem os custos ficam no mínimo 50 euros por dia. Cartões de crédito quase não são aceitos e tem 11% em cima do valor. Cartões americanos como american express nem pensar. Os preços para turista são uma máfia, nem adianta pesquisar, são todos iguais para os mesmos serviços.
Internet – esta proibida nos lares cubanos, não é fácil encontrar e custa caro – 3 / 4 CUC para 15 min. Encontrei nos hotéis Habana Libre e Nacional. Este último é super bonito, vale uma visita.
Nome de ruas – fiquei 2 dias perdida na cidade reclamando que as ruas não têm sinalização, depois descobri que o nomes ficam no chão, nas esquinas, veja a foto.
Aqui tem muito caranguejo e foi engraçado quando me assustei com um atravessando a rua na frente do carro, tivemos que parar para ele passar ou ele poderia furar o pneu. Assim como cuidamos para não atropelarmos cachorros, lá também têm os caranguejos. Dizem que no sul chega a ter uns 300 ao mesmo tempo na estrada, daí tem que esperar eles passarem.
Tenho visto pessoas muito bonitas aqui, é uma mistura muito parecida com os brasileiros, negros e brancos com traços interessantes. Se não fosse pela língua, passariam tranqüilamente por brasileiros. As mulheres são vaidosas, usam enfeites e rebolam muito, somos muito parecidas.
Ana me levou num cinema para cubanos, também pago em moeda nacional. Estava como as salas velhas que temos por aqui, o que me chamou a atenção foi a sala de projeção, pedi para entrar e tirei fotos. Têm vários projetores de filmes em rolo e ainda são utilizados. Os filmes modernos são projetados em aparelho de VHS, o filme que vimos foi assim, deveria ter uns 10 anos porque os atores conhecidos eram bem novinhos.
Para comer é melhor ser convidado de cubano ou ir nos “paladares” (casas de família que preparam um refeição boa e com preço melhor). Não sou chata para comer, o problema é que se paga caro por comida ruim. Os melhores pratos são Arroz cubano e banana frita, uma delícia em forma de batata chips. Comi alguns sanduíches bons e outros bem ruins, pão é o que mais tem. Faltam vegetais, a carne é dura e seca. Antes de ir pesquisei dicas e avisaram para levar bolachas e balas, levei barras de cereal e foi uma boa alternativa nos momentos em que nada me agradava.
As fotos ao lado são dos meus novos amigos cubanos. Todos amigos de Osmany, fui muito bem recebida e conversar com eles fez a viagem ser ainda mais especial. À direita um relógio Swacht (suiço original) comprado em Cuba, um presente que adorei. Depois dizem que o Brasil é o país das contradições...

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10/28/2007

Cayo Largo


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Cayos são pequenas ilhas que parecem estar inundadas, olhem a foto que tirei do avião, Cayo Largo fica no sul de Cuba e abrange várias pequenas ilhas onde se vai de barco e se mergulha pelo caminho. Um paraíso! Nunca vi água mais verde e areia tão branca, parecia talco de tão fina. Mergulhei até uns 4 m de profundidade num mar transparente com peixes coloridos, corais, um barco naufragado, água muito salgada e temperatura agradável. Dizem que esse cayo tem as praias mais lindas de Cuba, foi a única que pude conhecer e acho que não existe praia assim no Brasil. Saindo de Habana tem que comprar uma excursão de 1 ou mais dias. Contratei Habanatur para 1 dia e nem adianta pesquisar preço, todas as agências cobram o mesmo, foi caro, mas valeu a pena. Peguei um avião às 7h da manhã e em 45 min estava na ilha. Já tinha um ônibus e um guia me esperando, peguei um barco de turistas estrangeiros (europeus e russos), paramos um tempo na praia e as 19h peguei o avião de volta, tipo um bate e volta para o Cassino, eu toda suja de areia e sal dentro do avião.

Tirando um grupo de alemães, só tinham casais por todos os lugares e em clima de lua de mel, então me juntei com esse grupo e tentei aproveitar os meus 2 semestres de alemão, foi terrível, ainda bem que me viro no inglês. Os alemães não tinham problema em ficar pelados, todas as vezes que pensavam em entrar na água tiravam à roupa na frente de todos para colocar roupa de banho, e quando saíam da água se secavam, se pelavam e colocavam a roupa e assim acontecia toda a vez que tinham vontade de entrar na água. Todos olhavam para eles com cara de reprovação e eles nem aí. No barco a bebida era liberada (rum y otras cositas) e tinha o almoço incluído em um restaurante na beira da praia. Visitamos uma ilha com iguanas e pássaros diferentes, era bem difícil de caminhar no terreno irregular cheio de buracos de onde surgiam as iguanas, tinha medo de tropeçar e cair em cima de um bichinho desses, eles tem a cor do chão e uma rabada ou mordida deles não deve ser legal.
Esse foi o único dia em que pude aproveitar a praia e choveu (sem sol, a chuva vinha forte, parava e voltava...), mesmo assim foi incrível ver o fundo do mar, cada vez que eu mergulhava era como se eu estivesse entrando em outro mundo, completamente diferente da visão que se tem com a cabeça fora da água. Também foi uma experiência diferente estar em um barco vendo raios e trovões, fiquei imaginando como seria um furacão aqui...

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10/19/2007

Rumo à Cuba

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Daqui a pouco vou enfrentar horas de espera em aeroportos até chegar em Havana. Porto Alegre > São Paulo > Panamá > Havana. Não sei se terei acesso à Internet, mas vou tentar atualizar o blog com textos e fotos da terra de Fidel. Vou participar de um congresso de design gráfico http://www.havana.icograda.org/web/ e reencontrar amigos becarios.